terça-feira, 28 de abril de 2009
Plebiscito na Rocinha
No último sábado (25 de abril), foi realizado um plebiscito na comunidade da Rocinha localizada na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O tema do plebiscito foi: a construção de um muro de 3 metros de altura cercando a comunidade. O projeto é do Governo do Estado e pretende murar 11 comunidades da zona sul com o discurso de proteger a mata atlântica do crescimento desordenado das favelas cariocas (só lembrando que o projeto pode expandir-se para outras regiões da cidade que há muito tempo não existe mais a mata atlântica). A construção do primeiro muro já esta em andamento na comunidade Santa Marta em Botafogo.
O resultado da votação foi o seguinte: 1.056 pessoas repudiaram a construção do muro, 50 votaram a favor e 5 pessoas votaram nulo. O resultado do plebiscito é bem diferente da pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha no início deste mês. Nesta pesquisa 47% dos moradores de favelas entrevistados foram favoráveis aos muros e 46% contra. O Resultado desta pesquisa foi o que motivou a organização do plebiscito na comunidade.
A votação foi organizada por uma das associações de moradores da comunidade, que já tinha se posicionado contra a construção do muro.
No dia 6 de maio a Federação das Favelas do Rio de Janeiro (Faferj) realizará na Praça da República às 15h um ato de repudio a obra.
Por Foto&Jornalismo Maré
Foto: Ripper
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Artigo
Os muros que circundam as favelas
Com um argumento bem intencionado, o governador Sergio Cabral pretende cercar 11 favelas da cidade do Rio de Janeiro com um muro de três metros de altura. Vestindo-se de branco o projeto alardeia aos quatro ventos sua intenção: conter a expansão das favelas que avançam sobre a mata atlântica, salvando assim, a natureza dos favelados sem consciência ambiental. Se o projeto fosse original e não tivesse uma concepção excludente, até poderia ser aceito devido a sua intenção explicita.
Além das 11 favelas localizadas na zona sul, o muro poderá ser implantado em outras favelas da cidade. O único problema é que o argumento terá que mudar, pois em grande parte da cidade a mata atlântica já não existe há muito tempo. É inegável que a ocupação urbana desordenada cause problemas ao meio ambiente, mas não é verdade que as construções nas favelas sejam as vilãs da degradação ambiental dos grandes centros urbanos.
Quando os colonizadores aqui chegaram à mata atlântica tinha uma área equivalente a 1,3 milhão de km². 7% é o que resta. Ao que parece, a participação dos pobres sem moradias neste processo de degradação foi mínimo. A incômoda verdade sobre o fenômeno da favelizãção é que esta cresce e se agrava por não existe iniciativas que realmente vise combatê-la. As iniciativas existentes são tímidas, incipiente e não atacam o cerne da questão.
Quem não é cego politicamente verá na história que a favelizãção é o resultado de um sistema excludente que empurra os pobres para os morros e áreas periféricas das cidades. Se assim quisermos, podemos dizer que o tal sistema gera muros: visíveis e invisíveis. Os visíveis caem com força bruta. Já os invisíveis são mais terríveis, pois agem no porão frio e escuro da desigualdade social e não ruirão com força física.
Qualquer um com o mínimo de sensibilidade e um pouco de consciência social sabe que o crescimento das favelas não será barrado com muros, grades ou qualquer outro tipo de contenção física. A questão da favelizãção aloja-se no interior dos muros invisíveis da sociedade e só será combatido, se primeiro derrubarmos a golpes de marretas os muros invisíveis que as circundam. Políticas públicas sérias na área habitacional e um projeto satisfatório de redistribuição de renda poderia ser um primeiro passo.
A favelizãçao é fruto de um sistema desumano que auto se alimenta da exploração. O alimento rico em caloria humana o faz engorda silenciosamente e a gordura excedente ameaça a saúde social dos hipócritas. Admitem a terrível anomalia e são cúmplices dos combates físicos empregados nas favelas. Combatê-la de fato significaria corta o cordão umbilical transportador do alimento gorduroso que mantém o sistema funcionando.
Por Francisco Valdean
Estudante de Ciências Sociais e morador da Maré
Com um argumento bem intencionado, o governador Sergio Cabral pretende cercar 11 favelas da cidade do Rio de Janeiro com um muro de três metros de altura. Vestindo-se de branco o projeto alardeia aos quatro ventos sua intenção: conter a expansão das favelas que avançam sobre a mata atlântica, salvando assim, a natureza dos favelados sem consciência ambiental. Se o projeto fosse original e não tivesse uma concepção excludente, até poderia ser aceito devido a sua intenção explicita.
Além das 11 favelas localizadas na zona sul, o muro poderá ser implantado em outras favelas da cidade. O único problema é que o argumento terá que mudar, pois em grande parte da cidade a mata atlântica já não existe há muito tempo. É inegável que a ocupação urbana desordenada cause problemas ao meio ambiente, mas não é verdade que as construções nas favelas sejam as vilãs da degradação ambiental dos grandes centros urbanos.
Quando os colonizadores aqui chegaram à mata atlântica tinha uma área equivalente a 1,3 milhão de km². 7% é o que resta. Ao que parece, a participação dos pobres sem moradias neste processo de degradação foi mínimo. A incômoda verdade sobre o fenômeno da favelizãção é que esta cresce e se agrava por não existe iniciativas que realmente vise combatê-la. As iniciativas existentes são tímidas, incipiente e não atacam o cerne da questão.
Quem não é cego politicamente verá na história que a favelizãção é o resultado de um sistema excludente que empurra os pobres para os morros e áreas periféricas das cidades. Se assim quisermos, podemos dizer que o tal sistema gera muros: visíveis e invisíveis. Os visíveis caem com força bruta. Já os invisíveis são mais terríveis, pois agem no porão frio e escuro da desigualdade social e não ruirão com força física.
Qualquer um com o mínimo de sensibilidade e um pouco de consciência social sabe que o crescimento das favelas não será barrado com muros, grades ou qualquer outro tipo de contenção física. A questão da favelizãção aloja-se no interior dos muros invisíveis da sociedade e só será combatido, se primeiro derrubarmos a golpes de marretas os muros invisíveis que as circundam. Políticas públicas sérias na área habitacional e um projeto satisfatório de redistribuição de renda poderia ser um primeiro passo.
A favelizãçao é fruto de um sistema desumano que auto se alimenta da exploração. O alimento rico em caloria humana o faz engorda silenciosamente e a gordura excedente ameaça a saúde social dos hipócritas. Admitem a terrível anomalia e são cúmplices dos combates físicos empregados nas favelas. Combatê-la de fato significaria corta o cordão umbilical transportador do alimento gorduroso que mantém o sistema funcionando.
Por Francisco Valdean
Estudante de Ciências Sociais e morador da Maré
Artigo
O que é a favela?
As favelas são heterogêneas e complexas. As definições e respostas para o significado de favela são diversas. Comecemos pelo princípio, pela palavra. Favela: planta rasteira, característica da região Nordeste. Segundo historiadores, após voltarem das batalhas de Canudos, soldados se instalaram nas proximidades da Providência. A partir de então, passaram a chamá-la de favela carioca, numa alusão a Canudos.
Com característica desajeitada, a planta faz lembrar becos e ruelas sem planejamento. Essa é a imagem que o senso comum tem dos espaços favelados. A favela é local que concentra pobreza e pessoas à margem, privadas de bens e acesso à cidade. Ou ainda, a favela é lugar de bandidos (traficantes). Dependendo do ponto de referência do observador, todos são potenciais criminosos.
Por outro lado, moradores de favelas afirmam que menos de 1% dos habitantes dos espaços favelados está envolvido com o tráfico. A afirmação funciona como escudo contra preconceitos, porém a quantidade em nada muda o senso comum sobre esses espaços.
A favelização é um exemplo notório da falta de solidariedade humana. Atrelada à falta de solidariedade, está a inexistência de políticas de distribuição de renda e terras. O trabalhador no campo, vivendo uma situação sufocante e agonizante, vê na cidade uma saída. Mas acaba por se deparar com uma situação igual ou pior da que vivia, é pouco provável que terá acesso na cidade às políticas que não teve quando estava no campo.
Um dos graves problemas dos centros urbanos é a falta de políticas habitacionais, mas não é o único. Vindo de uma situação miserável, sem base educacional, o trabalhador se torna mão-de-obra barata e morador de favela, único lugar que o acolhe. A cidade o aceita na condição primária de que é importante para manter a máquina funcionando e nada mais.
Os espaços favelados são riquíssimos em diversidade, neste campo não existem definições ou explicações fáceis. A única generalização possível é em termos de estética e origem.
A atividade dos espaços favelados é intensa, obedece a uma lógica interna, com variações entre si. Assim como são as atividades humanas em qualquer lugar do planeta.
A desigualdade social brasileira é gritante e histórica. Não há como negar a ligação com o surgimento e a proliferação das favelas. A favela é, na verdade, parte de um vasto processo de exclusão que começa no campo e culmina nas cidades. Uma sociedade que conserva e mantém uma estrutura onde uma pequena elite detém considerável parcela das riquezas e condiciona uma imensa maioria da população a sobreviver com o resto não poderia ser diferente.
Por Francisco Valdean
Estudante de Ciências Sociais e morador da Maré
As favelas são heterogêneas e complexas. As definições e respostas para o significado de favela são diversas. Comecemos pelo princípio, pela palavra. Favela: planta rasteira, característica da região Nordeste. Segundo historiadores, após voltarem das batalhas de Canudos, soldados se instalaram nas proximidades da Providência. A partir de então, passaram a chamá-la de favela carioca, numa alusão a Canudos.
Com característica desajeitada, a planta faz lembrar becos e ruelas sem planejamento. Essa é a imagem que o senso comum tem dos espaços favelados. A favela é local que concentra pobreza e pessoas à margem, privadas de bens e acesso à cidade. Ou ainda, a favela é lugar de bandidos (traficantes). Dependendo do ponto de referência do observador, todos são potenciais criminosos.
Por outro lado, moradores de favelas afirmam que menos de 1% dos habitantes dos espaços favelados está envolvido com o tráfico. A afirmação funciona como escudo contra preconceitos, porém a quantidade em nada muda o senso comum sobre esses espaços.
A favelização é um exemplo notório da falta de solidariedade humana. Atrelada à falta de solidariedade, está a inexistência de políticas de distribuição de renda e terras. O trabalhador no campo, vivendo uma situação sufocante e agonizante, vê na cidade uma saída. Mas acaba por se deparar com uma situação igual ou pior da que vivia, é pouco provável que terá acesso na cidade às políticas que não teve quando estava no campo.
Um dos graves problemas dos centros urbanos é a falta de políticas habitacionais, mas não é o único. Vindo de uma situação miserável, sem base educacional, o trabalhador se torna mão-de-obra barata e morador de favela, único lugar que o acolhe. A cidade o aceita na condição primária de que é importante para manter a máquina funcionando e nada mais.
Os espaços favelados são riquíssimos em diversidade, neste campo não existem definições ou explicações fáceis. A única generalização possível é em termos de estética e origem.
A atividade dos espaços favelados é intensa, obedece a uma lógica interna, com variações entre si. Assim como são as atividades humanas em qualquer lugar do planeta.
A desigualdade social brasileira é gritante e histórica. Não há como negar a ligação com o surgimento e a proliferação das favelas. A favela é, na verdade, parte de um vasto processo de exclusão que começa no campo e culmina nas cidades. Uma sociedade que conserva e mantém uma estrutura onde uma pequena elite detém considerável parcela das riquezas e condiciona uma imensa maioria da população a sobreviver com o resto não poderia ser diferente.
Por Francisco Valdean
Estudante de Ciências Sociais e morador da Maré
terça-feira, 21 de abril de 2009
Manifestação
Manifestação em favor da vida na Maré
Em meio a um sentimento de revolta e dor, cerca de 200 moradores do Complexo da Maré, realizou no feriado de Tiradentes (21/4) uma manifestação contra a política de extermínio imposta pelo Estado nas favelas do Rio. O ato simbólico, organizado por familiares e amigos do estudante Felipe Correia dos Santos, de 17 anos, executado no dia 14/4, abraçou a favela da Baixa do Sapateiro onde a vítima cultivou seus laços de amizade e manteve suas relações sociais. Durante a manifestação, que fechou a pista de subida da Avenida Brasil, o pedido por justiça foi entoado pelos moradores ao som de uma marcha fúnebre tocado pelo Bloco Se Benze que Dá, da Maré. Cartazes e cruzes simbolizaram a dor dos familiares que acusam policiais de terem executado Felipe. De acordo com o comandante do 22º BPM (Maré), Rogério Seixas, que acompanhou pessoalmente o ato com caros e blazers da corporação, o jovem seria bandido. Tal versão é enfaticamente negada pelos moradores.
Nem mesmo a chuva fria que desabou durante o ato fez com que os jovens, vestidos com camisetas brancas com a foto de Felipe, se calassem ou perdesse a vontade de provar para o mundo de que se trata de mais um caso de inocente executado pela polícia. Para Jonatas Bezerra de Aguiar, amigo da vítima, o importante agora é “limpar” a imagem que fizeram de Felipe. “Ele era como um irmão para mim. A gente já tinha até se alistado no quartel juntos. E agora, eu quero só justiça. Nós queremos limpar o nome do Filipe, ele não era bandido”. Segundo Patrícia Rodrigues, irmã da vítima, a polícia deve mudar a forma de entrar nas favelas. “É muito triste. A polícia tem que parar de entrar na favela dando tiro na gente. Dessa forma ela se transforma em um verdadeiro bandido”. A mãe de Felipe, Gilmara Francisco dos Santos, pretende lutar para provar que seu filho era apenas um estudante. “Eu estou revoltada. Além de matarem o meu filho, ainda falam que ele e bandido. Vou lutar por justiça”, afirmou.
Segundo Luiz Antônio de Oliveira, diretor do Museu da Maré, a manifestação representa um ato de resistência à política de segurança que criminaliza os moradores de favelas. Para ele, o despreparo da polícia coloca em risco a vida dos moradores. “A passeata é só um movimento de resistência, é um ato de mobilização, que tem que ser contínuo. Estamos com uma política absurdamente burra que não valorizam o ser humano. A violência não se combate matando as pessoas.”
Este ato não foi a única manifestação feita em favor da inocência de Felipe. No dia de sua morte, moradores fecharam as principais vias de tráfego próximas ao Complexo da Maré. Já no dia 15/4, mais de 300 pessoas que acompanharam o sepultamento de Felipe no Cemitério do Caju exibiram cartazes e, após o enterro, fecharam por alguns minutos a Avenida Brasil. Todas essas iniciativas foram violentamente reprimidas pela polícia.
Renata Souza, Gizele Martins e Douglas Baptista
Fotos: Vânia Bento
Em meio a um sentimento de revolta e dor, cerca de 200 moradores do Complexo da Maré, realizou no feriado de Tiradentes (21/4) uma manifestação contra a política de extermínio imposta pelo Estado nas favelas do Rio. O ato simbólico, organizado por familiares e amigos do estudante Felipe Correia dos Santos, de 17 anos, executado no dia 14/4, abraçou a favela da Baixa do Sapateiro onde a vítima cultivou seus laços de amizade e manteve suas relações sociais. Durante a manifestação, que fechou a pista de subida da Avenida Brasil, o pedido por justiça foi entoado pelos moradores ao som de uma marcha fúnebre tocado pelo Bloco Se Benze que Dá, da Maré. Cartazes e cruzes simbolizaram a dor dos familiares que acusam policiais de terem executado Felipe. De acordo com o comandante do 22º BPM (Maré), Rogério Seixas, que acompanhou pessoalmente o ato com caros e blazers da corporação, o jovem seria bandido. Tal versão é enfaticamente negada pelos moradores.
Nem mesmo a chuva fria que desabou durante o ato fez com que os jovens, vestidos com camisetas brancas com a foto de Felipe, se calassem ou perdesse a vontade de provar para o mundo de que se trata de mais um caso de inocente executado pela polícia. Para Jonatas Bezerra de Aguiar, amigo da vítima, o importante agora é “limpar” a imagem que fizeram de Felipe. “Ele era como um irmão para mim. A gente já tinha até se alistado no quartel juntos. E agora, eu quero só justiça. Nós queremos limpar o nome do Filipe, ele não era bandido”. Segundo Patrícia Rodrigues, irmã da vítima, a polícia deve mudar a forma de entrar nas favelas. “É muito triste. A polícia tem que parar de entrar na favela dando tiro na gente. Dessa forma ela se transforma em um verdadeiro bandido”. A mãe de Felipe, Gilmara Francisco dos Santos, pretende lutar para provar que seu filho era apenas um estudante. “Eu estou revoltada. Além de matarem o meu filho, ainda falam que ele e bandido. Vou lutar por justiça”, afirmou.
Segundo Luiz Antônio de Oliveira, diretor do Museu da Maré, a manifestação representa um ato de resistência à política de segurança que criminaliza os moradores de favelas. Para ele, o despreparo da polícia coloca em risco a vida dos moradores. “A passeata é só um movimento de resistência, é um ato de mobilização, que tem que ser contínuo. Estamos com uma política absurdamente burra que não valorizam o ser humano. A violência não se combate matando as pessoas.”
Este ato não foi a única manifestação feita em favor da inocência de Felipe. No dia de sua morte, moradores fecharam as principais vias de tráfego próximas ao Complexo da Maré. Já no dia 15/4, mais de 300 pessoas que acompanharam o sepultamento de Felipe no Cemitério do Caju exibiram cartazes e, após o enterro, fecharam por alguns minutos a Avenida Brasil. Todas essas iniciativas foram violentamente reprimidas pela polícia.
Renata Souza, Gizele Martins e Douglas Baptista
Fotos: Vânia Bento
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Moradores acompanharam enterro de jovem da Maré
Cerca de 300 pessoas acompanharam, nesta tarde, o sepultamento de Felipe Correia de Lima, de 17 anos, no Cemitério do Caju. O jovem, segundo moradores, foi executado ontem (14/4) por policiais com um tiro de fuzil na cabeça em frente sua casa na favela Baixa do Sapateiro, no Complexo da Maré. Durante o enterro, familiares e amigos da vítima gritaram por justiça e, após o sepultamento, fizeram passeata na Avenida Brasil.
Para Mayck Félix, amigo de Felipe, o que a polícia fez foi uma injustiça. “Eu conhecia ele, estudava em Bonsucesso, lá no Pedro Lessa, ele tinha acabado de pedir transferência para Escola Estadual Bahia. Lembro que domingo ele estava muito feliz, falando que tinha voltado para a namorada, que tinha arrumado um novo emprego. E aconteceu isso, foi a maior tristeza para nós, era um moleque tranqüilo, e isso que fizeram com ele, foi a maior covardia”, fala.
O presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro Charles Gonçalves, quis deixar claro que Felipe era apenas um estudante. “Imagina a dor dessa mãe com a perda de seu filho. O menino teve sua carreira parada, era um adolescente cheio de sonhos, estudava, trabalhava, mas que teve a vida interrompida. Ele foi brutalmente executado por uma polícia despreparada. Agora é tentar fazer possível para solucionar esses problemas, temos que ver meios para que isso chegue até o governador, vê se dá um basta para não haver mais inocentes mortos como Felipe”, diz Charles.
Depois do enterro, um grupo de moradores, na sua maioria jovem, decidiu protestar de forma pacífica na Avenida Brasil, sentido lha do Governador, o que não terminou nada bem, já na entrada da Rua 17 de Fevereiro, local em que Felipe foi executado, e onde se findaria a manifestação, policiais apareceram e começaram a gritar para que todos corressem. Todos correram, mas ao mesmo tempo foram atingidos por spray de pimenta e bombas. Alguns moradores caíram, outros passaram mal, e outros foram reprimidos pela polícia, e soltos logo depois.
São inúmeras pessoas que morrem todos os dias nas favelas do Rio de Janeiro por causa da injusta segurança pública que existe.. Algo que não dá mais para suportar. Moradores durante o sepultamento e a caminhada gritavam, clamavam por justiça, direitos humanos, direitos que deveriam ser oferecidos a todos, sem separação de cor, raça e classe social. Até quando este povo terá que enterrar seus parentes, pessoas inocentes, que querem e queriam apenas ter o seu direito de viver.
Por Foto&Jornalismo Maré
Cerca de 300 pessoas acompanharam, nesta tarde, o sepultamento de Felipe Correia de Lima, de 17 anos, no Cemitério do Caju. O jovem, segundo moradores, foi executado ontem (14/4) por policiais com um tiro de fuzil na cabeça em frente sua casa na favela Baixa do Sapateiro, no Complexo da Maré. Durante o enterro, familiares e amigos da vítima gritaram por justiça e, após o sepultamento, fizeram passeata na Avenida Brasil.
Para Mayck Félix, amigo de Felipe, o que a polícia fez foi uma injustiça. “Eu conhecia ele, estudava em Bonsucesso, lá no Pedro Lessa, ele tinha acabado de pedir transferência para Escola Estadual Bahia. Lembro que domingo ele estava muito feliz, falando que tinha voltado para a namorada, que tinha arrumado um novo emprego. E aconteceu isso, foi a maior tristeza para nós, era um moleque tranqüilo, e isso que fizeram com ele, foi a maior covardia”, fala.
O presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro Charles Gonçalves, quis deixar claro que Felipe era apenas um estudante. “Imagina a dor dessa mãe com a perda de seu filho. O menino teve sua carreira parada, era um adolescente cheio de sonhos, estudava, trabalhava, mas que teve a vida interrompida. Ele foi brutalmente executado por uma polícia despreparada. Agora é tentar fazer possível para solucionar esses problemas, temos que ver meios para que isso chegue até o governador, vê se dá um basta para não haver mais inocentes mortos como Felipe”, diz Charles.
Depois do enterro, um grupo de moradores, na sua maioria jovem, decidiu protestar de forma pacífica na Avenida Brasil, sentido lha do Governador, o que não terminou nada bem, já na entrada da Rua 17 de Fevereiro, local em que Felipe foi executado, e onde se findaria a manifestação, policiais apareceram e começaram a gritar para que todos corressem. Todos correram, mas ao mesmo tempo foram atingidos por spray de pimenta e bombas. Alguns moradores caíram, outros passaram mal, e outros foram reprimidos pela polícia, e soltos logo depois.
São inúmeras pessoas que morrem todos os dias nas favelas do Rio de Janeiro por causa da injusta segurança pública que existe.. Algo que não dá mais para suportar. Moradores durante o sepultamento e a caminhada gritavam, clamavam por justiça, direitos humanos, direitos que deveriam ser oferecidos a todos, sem separação de cor, raça e classe social. Até quando este povo terá que enterrar seus parentes, pessoas inocentes, que querem e queriam apenas ter o seu direito de viver.
Por Foto&Jornalismo Maré
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Mais uma vítima da injusta segurança pública do Rio de Janeiro
Felipe, morador da Maré, morre com tiro na cabeça dado pela Polícia Civil
Por volta das 11h de hoje, Felipe dos Santos Correia de Lima, de 17 anos, morador da Baixa do Sapateiro, Complexo da Maré, foi executado com um tiro na cabeça dado pela Polícia Civil, na Rua 17 de Fevereiro, rua em que morava. Segundo testemunhas, eram cinco policiais que chegaram na mais famosa blazer branca, carro já temido por todos da área.. Este carro percorre já há algum tempo, as ruas da favela.
Gilmara Francisco dos Santos, mãe de Felipe, ainda muito abalada pelo ocorrido, em lágrimas, conta como levaram seu filho para o hospital. “Isso é uma injustiça. Ele tinha acabado de acordar e saiu para a rua. Os policiais chegaram e atiraram nele. Na hora, não deixaram os moradores socorrer o menino, todo mundo queria socorrer, e eles não deixaram. Colocaram dentro do carro e foram embora, a tia dele conseguiu ir no carro. Quando ele chegou no Hospital Geral de Bonsucesso, ainda estava vivo, mas a polícia não deixou os médicos atendê-lo, ele ficou lá gemendo e não deixaram ele ser atendido”.
Felipe era estudante e trabalhava em uma lanchonete próxima a sua casa. Natália de Brito, também moradora do local, fala de sua revolta. “Eu estava na rua, indo para o trabalho, não teve tiroteio como estão afirmando, isso não é verdade. Isso é uma injustiça, eu sou contra essa política de segurança, o que existe é extermínio, a polícia vem e mata, é isso o que acontece. Isso é a banda podre da polícia, são todos corruptos. E nós moradores, queremos deixar bem claro que Felipe era trabalhador, vendia cachorro-quente, era estudante, todos gostavam dele, a prova disso é que todos os moradores foram em cima, todo mundo foi para a rua”. Ainda não foi confirmado o horário e local do enterro de Felipe. Moradores querem se organizar e protestarem no enterro.
Por Foto&Jornalismo Maré
Felipe, morador da Maré, morre com tiro na cabeça dado pela Polícia Civil
Por volta das 11h de hoje, Felipe dos Santos Correia de Lima, de 17 anos, morador da Baixa do Sapateiro, Complexo da Maré, foi executado com um tiro na cabeça dado pela Polícia Civil, na Rua 17 de Fevereiro, rua em que morava. Segundo testemunhas, eram cinco policiais que chegaram na mais famosa blazer branca, carro já temido por todos da área.. Este carro percorre já há algum tempo, as ruas da favela.
Gilmara Francisco dos Santos, mãe de Felipe, ainda muito abalada pelo ocorrido, em lágrimas, conta como levaram seu filho para o hospital. “Isso é uma injustiça. Ele tinha acabado de acordar e saiu para a rua. Os policiais chegaram e atiraram nele. Na hora, não deixaram os moradores socorrer o menino, todo mundo queria socorrer, e eles não deixaram. Colocaram dentro do carro e foram embora, a tia dele conseguiu ir no carro. Quando ele chegou no Hospital Geral de Bonsucesso, ainda estava vivo, mas a polícia não deixou os médicos atendê-lo, ele ficou lá gemendo e não deixaram ele ser atendido”.
Felipe era estudante e trabalhava em uma lanchonete próxima a sua casa. Natália de Brito, também moradora do local, fala de sua revolta. “Eu estava na rua, indo para o trabalho, não teve tiroteio como estão afirmando, isso não é verdade. Isso é uma injustiça, eu sou contra essa política de segurança, o que existe é extermínio, a polícia vem e mata, é isso o que acontece. Isso é a banda podre da polícia, são todos corruptos. E nós moradores, queremos deixar bem claro que Felipe era trabalhador, vendia cachorro-quente, era estudante, todos gostavam dele, a prova disso é que todos os moradores foram em cima, todo mundo foi para a rua”. Ainda não foi confirmado o horário e local do enterro de Felipe. Moradores querem se organizar e protestarem no enterro.
Por Foto&Jornalismo Maré
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