sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Anjo suburbano da Maré
Maré
Tua lágrima
Sem rosto definido
O silencio
De uma bala perdida
- Perdida?-
O ruído
Da impunidade
No teu ouvido
Maré
Fluxo e refluxo
De corações partidos
Maré
Um anjo suburbano
Posou nas tuas ladeiras
Dolorido
Suas asas
Não puderam
Conter a dor
De tantos corações
Destruídos
Voou com um recado
Para quem for
Que esteja olhando
Lá de cima :
“Queremos apenas um pouco
De justiça”
Já perto do Cristo
De cimento e pedra
Ainda viu entre nuvens
O Viaduto
A Avenida Brasil
O que restou das palafitas
E as mães
dos mortos e desaparecidos
acenando com um imenso
punho erguido
Ainda perguntou-se
Se O outro
O verdadeiro
-aquele que não vemos
Mas que dizem que vê tudo –
Não seria também
De material tão duro
Até hoje
Nem um milagre sequer
Para aliviar a dor
Do povo humilde
Da Maré
Maré
Fluxo e refluxo
De corpos partidos
Maré
Tua lágrima
Sem rosto definido
O silencio
De um Estado perdido
O Auto da resistência
No teu ouvido.
Carlos Pronzato
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Quanto tempo essa foto. Surpreso ela está aqui. Eu a tirei em fevereiro de 2008 lá de cima do parque ecológico. Surpresa agradavel.
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